Afinal, como é construir de forma sustentável ?

Por Kananda Itikawa

14/05/2022

Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas, a definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.

Achei que se encaixou perfeitamente no conceito de Construção sustentável. Eu só destacaria: reduzindo o máximo possível de resíduos.

Mas afinal, quando alguém (não profissional da área de Construção) te pergunta o que classifica uma construção sustentável, o que responder ? Nem sempre dá para falar sobre LEED, AQUA, Casa azul… Mas podemos falar o que faz parte de uma construção sustentável.

Fiz uma lista com a minha bagagem profissional e uma rápida pesquisa:

1-Integração do Projeto ao entorno, ao contexto urbano e cultura local;
2-Materiais certificados e que venham de fornecedores legalmente estabelecidos que tenham como princípio a diminuição dos impactos ambientais;
3-Atendimento as normas e legislação, leis municipais, ambientais e trabalhistas;
4-Utilização de mão de obra, material e fornecedores próximos da obra sempre que possível, a fim de reduzir a quantidade de emissões de CO² com transportes;
5-Seleção criteriosa de materiais levando em conta a possibilidade de reciclagem ou reaproveitamento do material e o impacto gerado pela sua extração. Exemplo:
O Bambu, de rápido crescimento, que não prejudica o meio ambiente e pode ser utilizado para diversos fins, tendo alta durabilidade e resistência;
O tijolo de Adobe como alvenaria, feito basicamente a partir da argila, areia e água, um ótimo isolante com alta resistência e durabilidade;
A tinta ecológica, feita a partir de matéria-prima mineral ou vegetal, não agridem o meio ambiente e nem fazem mal a saúde;
6-Materiais reciclados como a brita e pedrisco de outras obras, piso emborrachado feito de pneu, madeira plástica de resíduos plásticos, entre muitos outros.
7-Projetos arquitetônicos bem detalhados e integrados com os complementares para reduzir desperdícios e tornar a obra mais eficiente e rápida;
8-Canteiro de obras sem desperdícios, com reutilização da água pluvial e de preferencia com reutilização dos resíduos da obra no próprio canteiro;
9-Adequação da construção ao clima com aproveitamento da iluminação e ventilação natural, posicionando as aberturas conforme o deslocamento do Sol e a direção do vento e utilizando elementos arquitetônicos de modo a reduzir o consumo energético;
10-Autogeração de energia com sistema de energias renováveis como placas fotovoltaicas ou turbinas eólicas;
11-Cobertura com telhado verde, garantindo um bom isolamento termoacústico e também a contenção da água pluvial (além de reduzir ilhas de calor dentro das cidades);
12-Isolante térmico para resfriamentos ou aquecimento do edifício;
13-Uso de cisternas para armazenamento da água da chuva permitindo a coleta da água para reutilização no edifício;
14-Técnicas para redução do volume de esgoto, tanque de evapotranspiração por exemplo;
15-Descarte correto dos resíduos gerados durante a obra, uma das formas é encaminhando para uma empresa de reciclagem.
16-Automação para controle de climatização e iluminação a fim de melhor aproveitamento por ambiente e por necessidade.

A construção deve ser pensada para ter uma vida útil longa ou que possa ser desmontada de forma a ter seus materiais reciclados ou reaproveitados.
É importante sabermos que não é necessário ser um grande empreendimento para atender a esses “requisitos sustentáveis”, inúmeras construções de pequeno e médio porte já provaram o atendimento aos requisitos de forma completamente viável.

A construção civil é um dos maiores vilões da poluição ambiental e responsável por abrigar os seres humanos a maior parte do tempo. Por isso é fundamental e necessária a educação ambiental de TODOS.